quinta-feira, 2 de julho de 2015

Fotografia: ALBERTO KORDA

Alberto Díaz Gutiérrez, conhecido como Alberto Korda (Havana, 14 de setembro de 1928 - Paris, 25 de maio de 2001) foi um fotógrafo cubano que se tornou mundialmente conhecido por Guerrillero Heroico, retrato que fez de Che Guevara.

Korda começou a fotografar oferecendo seus serviços em festa de batismo, casamentos e festas. Tempos depois, abriu um estúdio em Havana onde passou a se dedicar à fotografia publicitária e de moda. Declarou que se dedicou a tal trabalho apenas para conhecer mulheres bonitas. Sua segunda mulher foi, de fato, uma modelo.

Certo dia, Korda viu uma menina cubana fazendo uma saia improvisada de papel para vestir uma boneca; percebeu que a boneca era apenas um pedaço de madeira e, sensibilizado, resolveu unir-se ao ideal revolucionário que prometia acabar com aquele tipo de injustiça social. Assim sendo, se tornou fotógrafo oficial de Fidel Castro após a revolução cubana.

Sua fama aconteceu quase por acaso. A fotografia quase acidental de Che Guevara tornou-se uma das fotos mais reproduzidas de todos os tempos. Korda fez uma tomada vertical e outra horizontal. As duas fotos não ficaram tão famosas imediatamente. A imagem só se popularizou porque uma artista plástico irlandês, Jim Fitzpatrick, criou uma estampa baseada na foto e colocou-a em domínio público (no que hoje se chamaria de copyleft).  Alberto Korda nunca recebeu qualquer tipo de remuneração pelas fotos e nunca empenhou-se em receber. Dizia que sua intenção ao não fazê-lo era espalhar os ideais revolucionários da luta de Guevara.

A cena imortalizada em Guerrillero Heroico correu no dia 5 de março de 1960. Korda fotografava para o jornal cubano Revolución. Ao lado de várias autoridades, numa tribuna, Guevara participava de um memorial às vítimas de uma explosão de barco que matara 136 pessoas. Foram apenas 45 segundos para o fotógrafo perceber que tinha imortalizado uma bela expressão. Jamais preveria, no entanto, que se transformaria no autor do mais forte ícone dos movimentos de esquerda de todo o mundo. 

"Amei a beleza das mulheres tanto quanto a dos homens que lideravam a revolução". (Alberto Korda).

Abaixo alguns de seus mais conhecidos trabalhos.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Alberto_Korda

El Guerrillero Heroico - versão sem recorte, 1960



Versão divulgada



Che Guevara, data desconhecida



Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre em visita a Cuba, com Che Guevara, 1960



Entrada de Fidel em Havana, 1959



Fidel e Criança, 1960



O Quixote da Lâmpada de Luz, 1959


A Menina com a Boneca de Madeira, 1958



Militante, revolução de 1959.



Retrato da Modelo Norka, 1956
Natália Menéndez, mais conhecida como Norka, se converteria em modelo, musa e amante de Korda.



Norka, 1956




ALBERTO KORDA (PARTE 1) - HAVANA CULTURA (em espanhol)




ALBERTO KORDA (PARTE 2) - HAVANA CULTURA (em espanhol)

terça-feira, 23 de junho de 2015

Cinema: 8 1/2 (de Federico Fellini)

8 ¹/2 é um filme franco-italiano de 1963, do gênero drama, dirigido por Federico Fellini e com trilha musical assinado pelo compositor Nino Rota.

Oito e meio é um filme autobiográfico, com muitas cenas retiradas da vida do próprio autor. Segundo o próprio Fellini, algumas cenas foram concebidas através de seus sonhos. O título do filme é uma referência à carreira do próprio diretor, que até então já havia dirigido seis longas-metragens, dois episódios de filmes e havia co-dirigido um longa-metragem.

Fellini chegou a cogitar a possibilidade de escalar o ator Laurence Olivier como o protagonista de Oito e meio, mas acabou optando por Marcello Mastroianni.


Sinopse

O filme retrata a crise de criatividade de um cineasta chamado Guido Anselmi, que demonstra um certo esgotamento no seu estilo de vida e resolve se internar em uma estação-de-águas para buscar inspiração.

Usa de uma estratégia engenhosa para contornar o bloqueio criativo que ( conta-se ) o próprio Fellini estaria sentindo: contar a própria dificuldade de realizar um filme. E ainda obter o prestígio de fazer um filme metalinguístico, que usa a linguagem do cinema para comentar um filme que seus personagens estão fazendo.

O filme tem grandes influências da psicanálise jungiana, da qual Fellini era um entusiasta. Um exemplo é o grande foco nos sonhos do protagonista para explicar sua persona e acontecimentos de sua infância. O uso da fotografia preta  e branca também serve para reforçar o conceito jungiano de sombra.


Elenco 

Marcello Mastroiani.... Guido Anselmi
Claudia Cardinale...      Claudia
Anouk Aimée...              Luisa Anselmi
Sandra Milo....                Carla
Rossella Falk...               Rossella
Barbara Steele...            Gloria Morin
Madeleine LeBeau...      Madeleine, a atriz francesa
Caterina Boratto....       mulher misteriosa
Eddra Gale....                 La Saraghina
Guido Alberti...              Pace, o diretor
Mario Conocchia...        Conocchia, o diretor de produção
Bruno Agostini...            o secretário de produção
Cesarino M. Picardi...    Cesarino


Principais prêmios e indicações

Oscar 1964 (EUA)
  • venceu nas categorias de melhor filme estrangeiro e melhor figurino - preto e branco para Piero Gherardi.
  • recebeu ainda outras três indicações, nas categorias de melhor diretor, melhor roteiro original e melhor direção de arte - preto e branco.
Bafta 1964 (Reino Unido)
  • recebeu uma indicação na categoria de melhor filme.
Festival de Moscou 1963
  • ganhou o Grand Prix.
Prêmio Bodil 1964 (Dinamarca)
  • venceu na categoria de melhor filme europeu.
Prêmio NYFCC 1963 (EUA)
  • venceu na categoria de melhor filme estrangeiro.

https://pt.wikipedia.org/wiki/81/2

TRAILLER 8 1/2


sábado, 20 de junho de 2015

Pintura: CLAUDE MONET

Oscar-Claude Monet (Paris, 14 de novembro de 1840 - Giverny, 5 de dezembro de 1926) foi um pintor francês, um dos criadores do impressionismo. O termo impressionismo deriva do título de sua obra "Impressão, Sol Nascente" (1872).

Suas primeiras obras, até a metade da década de 1860, são do estilo realista. Monet conseguiu expor algumas no Salón de París. A partir do final da década de 1860 começou a pintar obras impressionistas. Este desvio do gosto da época, que era marcado pelas academias de arte, piorou sua situação econômica, já que perseverou em sua decisão de continuar nesse não tão afortunado caminho.

Na década de 1870 teve parte nas exposições impressionistas nos quais também participaram Pierre-Auguste Renoir e Edgar Degas. Sua obra "Impressão, Sol Nascente" foi exposta no Salón des Refusés (salão dos recusados) de 1874. Sua carreira foi impulsionada pelo revendedor Paul Durand-Ruel. Ainda assim, sua situação financeira não foi a das melhores até meados da década de 1890. Nessa época, Monet desenvolveu o conceito das "séries", em que um motivo é pintado repetidas vezes com distinta iluminação. Ao mesmo tempo começou a trabalhar no famoso jardim de sua casa em Giverny com lago de nenúfares, que logo utilizou para suas pinturas.

"Todos discutem minha arte e fingem compreender, como se fosse necessário compreendê-la, quando é simplesmente necessário amar". (Claude Monet)

Abaixo temos as ilustrações de alguns de seus trabalhos, na sequência vídeo original em que podemos ver Monet trabalhando em seu jardim, e nos vídeos seguintes obras e filme da vida dos pintores impressionistas.

https://es.wikipedia.org/wiki/Claude_Monet


Madame Monet em um Kimono Japonês, 1875
Técnica: óleo em tela
Localização: Museum of Fine Arts, Boston




A Grenouillère, 1869
Localização: Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque
O local era frequentado por muitos pintores e igualmente foi ilustrado pelo pintor Renoir.



A Refeição, 1868
A pintura, aqui representando Camille Doncieux e Jean Monet, foi rejeitada pelo París Salon de 1870, mas foi incluída na primeira mostra impressionista de 1874.
Localização: Stadel, Frankfurt, Alemanha



O Terraço em Sainte-Adresse, 1867
Técnica: tinta a óleo
Dimensões: 98 cm x 1,30 m
Localização: Nova Iorque



Barco do Estúdio, 1874
Localização Kroller-Muller Museum, Países Baixo



As Escadas em Vetheuil, 1881
Técnica: pintura a óleo



A Foz do Sena em Honflour, 1865
Técnica: óleo em tela
Localização: Norton Simon Museum, Pasadena, Califórnia



Chegada do Trem da Normândia, Estação Saint-Lazare, 1877
Localização: The Art Institute of Chicago



Impressão, Nascer do Sol, 1872
Técnica: óleo em tela
Dimensões: 48 cm x 63 cm
Localização: Musée Marmottan Monet, Paris




FILME DO PINTOR IMPRESSIONISTA CLAUDE MONET TRABALHANDO (VÍDEO AUTÊNTICO)




CLAUDE MONET - OBRAS




OS IMPRESSIONISTAS  BBC - LEGENDADO - COMPLETO

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Balé: ÍGOR STRAVINSKI

Ígor Fiódorovitch Stravinsky (Oraniembaum, 17 de junho de 1882 - Nova Iorque, 6 de abril de 1971) foi um compositor, pianista e maestro russo, considerado por muitos um dos compositores mais importantes e influentes do século XX. Foi o arquétipo do russo cosmopolita, escolhido pela revista Time como uma das cem pessoas mais influentes do século. Além do reconhecimento que obteve pelas suas composições, ficou ainda famoso como pianista e maestro, estando nessa condição muitas vezes nas estreias de suas obras. 

A carreira de compositor de Stravinski foi notável pela sua diversidade estilística. Inicialmente adquiriu fama internacional com três ballets encomendados pelo empresário Sergei Diaghilev e executados pelos Ballets Russes de Diaghilev: L'Oiseau de Feu ("O Pássaro de Fogo") (1910), Petrushka (1911-1947), e Le Sacre du Printemps ("A Sagração da Primavera") (1913). A Sagração cuja estreia provocou um motim, transformou o modo de pensamento dos compositores posteriores acerca da estrutura rítmica, e foi largamente responsável pela reputação duradoura de Stravinski enquanto revolucionário musical, forçando as fronteiras do design musical. 

Após esta fase inicial russa, Stravinski virou-se para o neoclassicismo na década de 1920. As obras deste período tendem a utilizar as formas musicais tradicionais (concerto grosso, fuga, sinfonia), frequentemente disfarçadas com um veio de emoção intensa sob uma aparência superficial de distanciamento ou austeridade, muitas vezes prestando tributo à música de mestres anteriores, como J. S. Bach e Tchaikovsky.

Nos anos 1950 adotou os procedimentos do serialismo, utilizando as novas técnicas ao longo de seus últimos vinte anos. As composições de Stravinski deste período tem pontos em comum com toda a sua produção anterior: energia rítmica, a construção de ideias melódicas desenvolvidas a partir de algumas células de duas ou três notas, e clareza de forma, instrumentação e expressão vocal. 

Também publicou vários livros ao longo de sua carreira, quase sempre com a ajuda de um colaborador, por vezes não  nomeado. Na sua autobiografia em 1936, Chronicles of my Life, escrita com a ajuda Walter Nouvel, Stravinski incluiu a sua famosa declaração de que "a música é, pela sua própria natureza, essencialmente impotente para expressar seja o que for". Muitas entrevistas na qual o compositor conversou com Robert Craft foram publicadas como Conversations with Igor Stravinsky. Colaboraram ainda em mais cinco volumes adicionais durante a década seguinte.


A SAGRAÇÃO DA PRIMAVERA

Em nota enviada ao condutor Serge Koussevitzky em fevereiro de 1914, Stravinski descreveu A Sagração da Primavera como um "trabalho musical coreografado, representando a Rússia pagã... unificada por uma ideia única: o mistério e a grandeza do surgimento do poder criativo da Primavera". Em sua análise da Sagração, Pieter van den Toorn escreve que o trabalho carece de sinopse específica e narrativa, e deve ser considerado como uma sucessão de cenas coreografadas apenas. 

Parte I - Adoração da Terra

Introdução - antes da subida das cortinas, inicia-se uma introdução orquestral, sendo de acordo com Stravinsky, "um enxame de flautas de primavera".

Presságios da Primavera - a celebração da primavera começa nas colinas. Uma velha entra e começa a prever o futuro.

Ritual de Abdução - as jovens chegam vindo do rio e começam a realizar a "dança da abdução".

Círculos da Primavera - as jovens dançam o Khorovod, o "círculo da primavera".

Ritual das Tribos Rivais - as pessoas se dividem em dois grupos opostos, e começam "o ritual das tribos rivais".

Procissão dos Sábios: O Sapiente - uma procissão santa lidera a entrada dos anciões sábios, presidido pelo Sapiente que pausa os rituais e abençoa a terra.

Dança da Terra: as pessoas iniciam uma dança passional, santificando e unificando-se com a terra.


Parte II - O Sacrifício

Introdução

As Rodas Misteriosas das jovens meninas - as jovens iniciam jogos misteriosos, andando em círculos.

Regozijo dos Escolhidos - uma das jovens é selecionada à sorte, sendo pega duas vezes na roda permanente, e é glorificada como "A Escolhida" com uma dança matrimonial. 

Invocação dos Ancestrais - em dança breve, as jovens invocam os ancestrais do povo. 

Rituais dos Ancestrais - a jovem Escolhida é confiada aos cuidados dos anciões sábios.

Dança do Sacrifício - a Escolhida dança até a morte na presença dos anciões na grande "Dança do Sacrifício".


https://pt.wikipedia.org/wiki/Ígor_Stravinski
https://pt.wikipedia.org/wiki/Le_Sacre_du_Printemps


IGOR STRAVINSKY - A SAGRAÇÃO DA PRIMAVERA - COREOGRAFIA POR VASLAV NIJINSKY -VERSÃO 1913 -...

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Literatura: PABLO NERUDA

Pablo Neruda foi o pseudônimo e, mais tarde, nome legalmente registrado, do chileno, poeta-diplomático e político Neftali Ricardo Reyes Basoalto (12 de julho de 1904 - 23 de setembro de 1973). Seu pseudônimo é inspirado no poeta Jan Neruda.

Neruda se tornou um poeta conhecido quando tinha tão somente dez anos de idade. Ele escrevia em diferentes estilos, incluindo poemas surrealistas, histórias épicas, manifestos políticos, prosas autobiográficas e poemas de amor carregados de sensualidade, como em alguns de seus poemas na coleção Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada. Ele geralmente utilizava tinta verde para escrever, o que era uma característica pessoal de anseio e esperança.

No decorrer de sua vida, Neruda ocupou vários cargos diplomáticos e foi, por algum tempo, Senador pelo partido Comunista Chileno. Quando o Presidente González Videla  baniu o comunismo no Chile, em 1948, um mandado foi emitido para que prendessem Neruda. Amigos o esconderam por meses no porão de uma casa na cidade portuária de Valparaíso. Mais tarde, Neruda escapou por uma montanha que ficava próximo ao lago Maihue, e entrou na Argentina.

Anos depois, Neruda era assessor do Presidente Socialista do Chile, Salvador Allende. Quando Neruda retornou ao Chile, após seu discurso de aceitação do Prêmio Nobel, Allende o convidou fazer uma leitura no Estádio Nacional para 70.000 pessoas. 

Neruda foi hospitalizado com câncer  após o Golpe de Estado protagonizado por Augusto Pinochet, em 23 de setembro de 1973. Morreu em decorrência de um câncer na próstata em sua casa na Isla Negra. Pinochet, apoiado pelas forças armadas, negou permissão para que o funeral de Neruda fosse feito publicamente. Ainda assim, milhares de chilenos enlutados desobedeceram o toque de recolher e lotaram as ruas. 

"Não reclamo para mim qualquer privilégio de solidão: só a tive quando ma impuseram como condição terrível da minha vida. E escrevi então os meus livros como os escrevi, rodeado pela adorável multidão, pela infinita e rica multidão do homem". (Pablo Neruda)

Abaixo algumas de suas poesias mais conhecidas.


https://en.wikipedia.org/wiki/Pablo_Neruda



QUERER

Não te quero senão porque te quero
E de querer-te a não querer-te chego
E de esperar-te quando não te espero
Passa meu coração do frio ao fogo.
Te quero só porque a ti te quero,
Te odeio sem fim, e odiando-te rogo,
E a medida de meu amor viageiro
É não ver-te e amar-te como um cego.
Talvez consumirá a luz de janeiro
Seu raio cruel, meu coração inteiro,
Roubando-me a chave do sossego
Nesta história só eu morro
E morrerei de amor porque te quero,
Porque te quero, amor, a ferro e fogo.



PEÇO SILÊNCIO

Agora me deixem tranquilo
Agora se acostumem sem mim.

Eu vou fechar os olhos

E só quero cinco coisas,
Cinco raízes preferidas.

Uma é o amor sem fim.

A segunda é ver o outono.
Não posso ser sem que as folhas
Voem e voltem à terra.
A terceira é o grave inverno,
A chuva que amei, a carícia
Do fogo no frio silvestre.

Em quarto lugar o verão
Redondo como uma melancia.

A quinta coisa são teus olhos,
Matilde minha, bem amada,
Não quero dormir sem teus olhos,
Não quero ser sem que me olhes;
Eu troco a primavera
Para que fiques me olhando.

Amigos, isso é tudo o que quero.
É quase nada e quase tudo.

Agora, se quiserem, vão.

Vivi tanto que um dia
Terão que esquecer-me com força,
Apagando-me do quadro negro;
Meu coração foi interminável.

Mas porque peço silêncio
Não creiam que vou morrer;
Pois é exatamente o contrário:
Acontece que vou viver.

Acontece que sou e que sigo.

Não será, pois, senão que dentro
De mim crescerão cereais,
Primeiro os grãos que rompem
A terra para ver a luz,
Porém a mãe terra é escura;
E dentro de mim sou escuro;
Sou como um poço em cujas águas
A noite deixa suas estrelas
E segue só pelo campo.

Trata-se de que tanto vivi
Que quero viver outro tanto.

Nunca me senti tão sonoro,
Nunca tive tantos beijos.

Agora, como sempre, é cedo.
Voa a luz com suas abelhas.

Deixem-me só com o dia.
Peço permissão para nascer.



SOBE NASCER, COMIGO, IRMÃO

Sobe nascer comigo, irmão...

Dai-me a mão desde a profunda
zona de tua dor disseminada.
Não voltarás do fundo das rochas.
Não voltarás do tempo subterrâneo.
Não voltará tua voz endurecida.
Não voltarão teus olhos chatos.
Olha-me desde o fundo da terra,
lavrador, tecelão, pastor calado;
Domador de lhamas tutelares;
Pedreiro do andaime desafiado;
Regador de lágrimas andinas;
Escultor dos dedos trabalhados;
Agricultor tremendo na semente;
Oleiro em tua argila derramada;
Traga ao cume desta nova vida
vossas velhas dores enterradas.
Mostrai-me vosso sangue e vosso sulco,
diga-me: aqui fui castigado,
porque a joia não brilhou ou a terra
não entregou a tempo a pedra ou o grão;
Apontai-me a pedra em que caíste
e a madeira em que te crucificaram,
ilumina os velhos pedernais,
as velhas lâmpadas, os chicotes grudados
através dos séculos nas chagas
e os machados de brilho ensanguentado.
Eu venho falar pela vossa boca morta.
Através da terra juntai a todos
os silenciosos lábios derramados
e desde o fundo falai-me toda essa longa noite
como se estivesse convosco ancorado,
contai-me tudo, ponto a ponto,
elo a elo, e passo a passo,
afiai as facas que guardastes,
colocai-os em meu peito e em minha mão,
como um rio de listras amarelas,
como um rio de tigres enterrados,
e deixai-me chorar, horas, dias, anos,
idades cegas, séculos estelares.

Dai-me o silêncio, a água, a esperança.

Dai-me a luta, o ferro, os vulcões.

Juntai-me os corpos como ímãs.

Acudi às minhas veias e minha boca,

Falai por minhas palavras e meu sangue.




POEMA 20 
(DO LIVRO VINTE POEMAS DE AMOR E UMA CANÇÃO DESESPERADA)

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Escrever por exemplo: "a noite está estrelada",
e tiritam, azuis, os astros à distância".

Gira o vento da noite pelo céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu a quis e por vezes ela também me quis.

Em noites como esta, eu a tive entre meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.

Ela me quis e às vezes eu também a queria.
Como não ter amado seus grandes olhos fixos?

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como orvalho no trigo.

Que importa se não pode o meu amor guardá-la?
A noite está estrelada e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
Minha alma se exaspera por havê-la perdido.

Para tê-la mais perto, meu olhar a procura.
Meu coração a procura, e ela não está comigo.

A mesma noite que faz brancas as mesmas árvores.
Nós, que éramos então, já não somos mais os mesmos.

Já não a quero, é certo, porém quanto eu a quis.
Minha voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.

De outro. Será de outro. Como antes de meus beijos.
Sua voz, seu corpo claro, seus olhos infinitos. 

Já não a quero, é certo, mas talvez ainda a queira.
É tão curto o amor, e tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta eu a tive entre meus braços,
Minha alma se exaspera por havê-la perdido.

Ainda que esta seja a última dor que ela me cause,
e estes sejam os últimos versos que eu lha tenha escrito.



PABLO NERUDA - GRANDES CHILENOS



sexta-feira, 12 de junho de 2015

Escultura e outros: GIAN LOURENZO BERNINI

Gian Lourenzo Bernini ou simplesmente Bernini (Nápoles, 7 de dezembro de 1598 - Roma, 28 de novembro de 1680) foi um eminente artista do barroco italiano, trabalhando principalmente na cidade de Roma. Distinguiu-se como escultor e arquiteto, ainda que tivesse sido pintor, desenhista, cenógrafo e criador de espetáculos de pirotecnia. Esculpiu numerosas obras de arte presentes até os dias atuais em Roma no Vaticano. 

Bernini possuía a habilidade de criar em suas esculturas cenas narrativas muito dramáticas, de captar intensos estados psicológicos e também de compor conjuntos esculturais que transmitem uma magnífica grandeza. Sua habilidade para talhar o mármore o levou a ser considerado um digno sucessor de Michelângelo, muito acima de seus conterrâneos e especialmente de seus grandes rivais, Alessandro Algardi e Francesco Borromini. Seu talento se estendeu além da escultura, e foi capaz de sintetizar de maneira brilhante a escultura com a pintura e a arquitetura. Homem profundamente religioso que pôs sua arte a serviço da Contrarreforma, Bernini usou a luz como um destacado recurso metafórico que completa suas obras, em ocasiões com pontos de iluminação invisíveis que intensificam o foco da adoração religiosa ou amplificam a dramatização da narrativa escultural. 

Durante sua extensa carreira, Bernini recebeu numerosos encargos de grande relevância, várias deles por parte do papado. Ainda novo, chamou a atenção do cardeal-sobrinho Scipione Caffarelli Borghese, sobrinho do papa, e em 1621, com tão somente 23 anos de idade, foi nomeado cavaleiro pelo Papa Gregorio XV. Realizou as obras mais destacadas durante o pontificado de Urbano VIII e, ainda que não tivesse tido tanta proeminência durante Inocêncio X, voltou a gozar do favor dos pontífices Alejandro VII e Clemente IX.

A reputação do legado de Bernini diminuiu durante o Neoclassicismo, que desprestigiava o Barroco. Teve de esperar até o século XIX para que, durante a busca de uma compreensão do contexto em que trabalhou Bernini, fosse reconhecido seu logro artístico e restaurada sua reputação. Na opinião do historiador de arte Howard Hibbard, durante o século XVII "não houve escultores ou arquitetos comparáveis a Bernini". 

Abaixo alguns de seus mais conhecidos trabalhos.

http://es.wikipedia.org/wiki/Gian_Lorenzo_Bernini



Baldaquino da Basílica de São Pedro, (1623 - 34)
Balcões de pilar da abóbada da basílica de São Pedro (1633-40)



O Baldaquino visto de perto.



São Longuinho (1631-1638)
Dimensões: 4,40m
Localização: basílica de São Pedro, Vaticano
Material: mármore



Apolo e Dafne (1622-1625)
Dimensões: 2,43m de altura
Localização: Galeria Borghese, Roma, Itália
Material: mármore



O Rapto de Proserpina, (1621-22)
Dimensão: 2,25
Localização: Galerie Borghese, Roma
Material: mármore



Netuno e Tristão - 1620
Dimensão: 1,82m
Localização: Museu Vitória e Alberto
Material: mármore



Cristo Escarnecido (1644-49)
Material: óleo em tela
Coleção Particular



Santo André e São Tomé- 1627
Técnica: óleo em tela
Localização: National Gallery, Londres



Fonte dos Quatro Rios, (1648-51)
Localização: Piazza Navona, Roma
Os Gigantes de mármore que compõem a fonte são alegorias dos quatro rios principais no mundo (Nilo, representando a África, Ganges, representando a Ásia, Danúbio, representando a Europa e o Río De la Plata, representando a América), e são coroados por um grande obelisco egípcio de Domiciano.



Fonte dos Quatro Rios vista de perto



Igreja de Assunta (1662-64)
Localização: Ariccia, província de Roma
Material: mármore



Praça de São Pedro
Desenhada por Bernini em estilos clássico e barroco, possui um obelisco central de 40 metros de altura e é rodeada por 140 estátuas de santos e mártires, papas e fundadores de ordens religiosas. Possui dois espaços, o primeiro, a Piazza Obliqua, tem forma de uma elipse rodeada por colunatas que se abrem como num grande abraço maternal e simbolizam a igreja mãe, e o segundo, a Piazza Retta, em frente à basílica de São Pedro.



Vista parcial da praça de São Pedro


BERNINI ARQUITECTURA Y ESCULTURA BARROCA ITALIANA

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Arquitetura: TAJ MAHAL

O Taj Mahau é um mausoléu situado em Angra, na Índia, sendo o mais conhecido dos monumentos do país. Encontra-se classificado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Foi recentemente anunciado como uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo em uma celebração em Lisboa no dia 7 de julho de 2007. 

A obra foi feita entre 1632 e 1653 com a força de cerca de 20 mil homens, trazidos de várias cidades do Oriente, para trabalhar no suntuoso monumento de mármore branco que o imperador Shah Jahan mandou construir em memória de sua esposa favorita, Aryumand Banu Begam, a quem chamava de Mumtaz Mahal ("a joia do palácio"). Ela morreu após dar à luz o 14º filho, tendo o Taj Mahal sido construído sobre seu túmulo, junto ao rio Yamuna.

Já chamada por alguns de "lágrima de mármore", Taj Mahal, na tradução literal, significa "Coroa de Mahal" é também conhecido como a maior prova de amor do mundo, contendo inscrições retiradas do Corão. É incrustado com pedras semipreciosas, tais como lápis-lazuli entre outras. A sua cúpula é costurada com fios de ouro. O edifício é flanqueado por duas mesquitas e cercado por quatro minaretes. 

Supõe-se que o Imperador pretendesse fazer uma réplica do Taj Mahal original na outra margem do rio, em mármore preto, mas acabou morto antes do início das obras por um de seus filhos. 



Vista aérea dos jardins e da entrada de acesso, Darwaza.



 Darwaza.



Uma das mesquitas que ladeiam o jardim.



Taj Mahal



Detalhe do mármore na fachada



Interior do Taj Mahal



Interior do Taj Mahal



Interior de uma das mequitas



Sarcófago de Aryumand e Shah Jah.
O cenotáfio de Aryumand ergue-se no centro exato da construção e possui inscrições em forma de oração, com a função de identificá-la e protegê-la. 

http://pt.wikipedia.org/wiki/Taj_Mahal

Maravilhas Sagradas e Misteriosas - Taj Mahal

Ópera: O BARBEIRO DE SEVILHA (de GIOACHINO ROSSINI)


Gioachino Antonio Rossini (Pésaro, 29 de fevereiro de 1792 - Passy, Paris, 13 de novembro de 1868) foi um compositor erudito italiano, muito popular em seu tempo, que criou 39 óperas, assim como diversos trabalhos para música sacra e música de câmara (música erudita). Entre seus trabalhos mais conhecidos estão Il Barbiere di Seviglia ("O Barbeiro de Sevilha"), La Cenerentola ("A Cinderela") e Guillaume Tell ("Guilherme Tell"). 

A sua mais famosa ópera "O Barbeiro de Sevilha" foi apresentada em 20 de fevereiro de 1816, no Teatro Argentina, em Roma. Mais tarde Rossini afirmou ter escrito a ópera em apenas doze dias. Foi um estrondoso fracasso quando fez sua estreia com o título Almaviva. Os admiradores de Paisiello, compositor de outra ópera intitulada Il Barbiere di Seviglia, baseada na mesma peça, ficaram extremamente indignados, sabotando a produção assobiando e gritando durante todo o primeiro ato. Contudo, pouco tempo depois da segunda apresentação, a ópera tornou-se tão bem sucedida que a fama da ópera de Paisiello foi transferida para a de Rossini, para quem o título O Barbeiro de Sevilha passou como um patrimônio inalienável.

Abaixo, resumo da sequência dos atos apresentados na peça "O Barbeiro de Sevilha" e na sequência, ópera produzida por Parvan Pakardiev, no Wichita Grand Opera, Kansas, em 26 de abril de 2009, tendo como elenco:


Fígaro: William Browning
Conde Almaviva: Patrick Greene
Rosina: Joyce DiDonato
Dr. Bartolo: Stefano de Peppo
Basílio: Scott Conner
Berta: Jennifer Weiman
Fiorello/sargento: Michael Nansel
Ambrogio: Mirko D'Angelo.

Condutor da orquestra: Martin Mazik


http://pt.wikipedia.org/wiki/Gioachino_Rossini




Ato I

O Conde Almaviva, se passando por um estudante de nome Lindoro, e acompanhado por seu servo Fiorello e alguns músicos contratados, faz uma serenata sob a varanda de Rosina. Ao longe vem Fígaro, barbeiro e conhecedor de todos os segredos e escândalos de Sevilha. Fígaro informa o Conde, para quem costuma trabalhar, que Rosina não é filha do dr. Bartolo, dono da casa sob a qual o Conde faz a serenata, mas sua cuidadora. Quando Rosina joga uma carta de sua janela, pedindo que seu admirador se identifique, o Conde pede a Fígaro que o ajude a conseguir a mão de Rosina. Dr. Bartolo deixa a casa para preparar os arranjos de seu casamento com Rosina, e o conde aproveita essa oportunidade para responder à amada que seu nome é Lindoro - ele mente com a intenção de que ela o ame pela pessoa que é, e não pela fortuna que todos sabem que ele possui.  Fígaro planeja colocar o Conde dentro da casa do dr. Bartolo disfarçado como um soldado embriagado, para que esse obtenha acesso à moça.

Dentro da casa, Rosina pede que Fígaro, barbeiro e médico pessoal da família, leve uma carta a Lindoro. Eles são interrompidos pelo dr. Bartolo, o qual está furioso com Fígaro por haver prescrito medicamentos para seus servos. o que fazia com que um não parasse de espirrar e o outro de bocejar. O confidente do dr. Bartolo, Don Basílio, professor de canto de Rosina, adverte dr. Bartolo de que o conde Almaviva é um admirador de Rosina e que foi visto na cidade. Basílio sugere uma calúnia para que possam se livrar de Almaviva, mas dr. Basílio insiste que ele deve arranjar seu casamento com Rosina imediatamente. Quando eles saem, Fígaro, que ouviu toda a conversa, deixa Rosina prevenida, e promete levar a mensagem dela para "Lindoro" e ele parte. Desconfiado, dr. Bartolo deduz que Rosina escreveu uma carta a alguém, e a atormenta impiedosamente. Eles são interrompidos quando o Conde irrompe pela casa em seu disfarce de soldado embriagado. Ele insiste que está alojado ali, ainda que dr. Bartolo veemente conteste, e a discussão se transforma em um enorme tumulto, envolvendo toda a vizinhança.


Ato II

Tendo conseguido se livrar do soldado embriagado, dr. Bartolo é mais uma vez confrontado pelo Conde -disfarçado dessa vez como Don Alfonso, um professor de música substituindo Don Basílio, o qual está supostamente enfermo e impossibilitado de ministrar suas lições a Rosina. Dr. Bartolo fica desconfiado, mas Don Alfosno atenua seus temores quando entrega a Bartolo a carta que Rosina escreveu a "Lindoro" e descreve um plano para desacreditar Lindoro, o qual está claramente perseguindo mulheres em nome do Conde. Durante as lições de canto, Rosina canta uma ária da ópera "The Useless Precaution" (a inútil precaução), e Fígaro, que está fazendo a barba do dr. Bartolo, dá um jeito de roubar a chave que leva à porta balcão de Rosina. Don Basílio aparece, mas é rapidamente jogado porta afora pelos outros. Quando dr. Bartolo descobre a conspiração de amor, ele chuta Fígaro e o Conde para fora de sua casa e convoca Basílio para trazer o tabelião, a fim de que ele possa se casar com Rosina naquela mesma noite. Ele mostra a Rosina a carta que ela escreveu e diz a ela que seu "Lindoro" está na verdade cortejando-a em nome de outro homem, o Conde. Surpresa e infeliz, Rosina aceita se casar com dr. Bartolo.

Fígaro e o Conde preparam uma fuga para os amantes enquanto uma tempestade furiosa se forma. Quando Rosina se recusa a ir com eles, "Lindoro" revela sua real identidade. Basílio é ameaçado e subornado a ser testemunha no casamento de Almaviva e Rosina. Dr. Bartolo admite sua derrota e abençoa os amantes.


O Barbeiro de Sevilha